A 6º TRANSFORMA – Festival Internacional de Cinema da Diversidade de Santa Catarina acontece em dezembro, em Florianópolis. Esta semana foram anunciados os selecionados para todas as mostras: curtas e longas-metragens nacionais. A curadoria, focada na representatividade LGBTQIAPN+, evidencia as produções que ressaltam vozes diversas, explorando narrativas e estéticas que promovem a inclusão na indústria cinematográfica. A edição deste ano destaca ainda o aumento expressivo de produções catarinenses, em relação às edições anteriores, além de oferecer ao público uma mostra competitiva de longas brasileiros.
Curtas
Neste ano, 25 cidades de 11 estados brasileiros serão representadas com a exibição de 48 produções, sendo 46 curtas de diretores LGBTQIAPN+, 21 com temática trans, e sete produções catarinenses, que serão exibidos na Mostra Panorama e outras cinco Mostras Temáticas: ANIMAQUEER, DRICA D’ARC, MELÔ, QUEERANÇA e TELA DRAG.
Nesta edição, destacam-se diversas produções que abordam a diversidade e a representatividade LGBTQIAPN+. Em “Pássaro Memória”, de Leonardo Martinelli (Rio de Janeiro), Lua, uma mulher trans, vive uma jornada em busca de um pássaro chamado Memória, enfrentando os desafios das ruas hostis da cidade. “Bitoquinha”, de Giordano Gadelha (São Paulo), narra a história de Samanta, uma operadora de caixa que se apaixona por uma cliente recorrente e tenta se aproximar dela, enquanto lida com as exigências da vida familiar e profissional. Já “Kila & Mauna”, de Ella Monstra (Ceará), traz a história de duas amigas que embarcam em uma aventura para resgatar uma pessoa desaparecida.
Em “Todas as Memórias que Você Fez para Mim”, o diretor Pedro Fillipe (Pernambuco), explora a rotina de José, um agricultor de 68 anos que cuida de seu esposo Luiz, diagnosticado com Alzheimer, até que um evento inesperado transforma suas vidas. Em “A chuva não me viu passar”, de Leonardo Gatti (Santa Catarina), Dona Célia anseia por uma chance de sentir a liberdade, mesmo que por breves momentos. “Divina”, de Monike Fernandes e Misael Avelino (Minas Gerais), apresenta Dona Diva, que, trancada fora de seu apartamento, tem uma conversa reveladora com Emílio, seu vizinho e drag queen, enquanto ele se prepara para mais uma noite de show.
No documentário “Ana Rúbia”, de Íris Alves Lacerda e Diego Baraldi de Lima (Mato Grosso), acompanhamos a rotina de Ana Rúbia, uma travesti do interior, enquanto ela se prepara para o lançamento de seu livro. “A invenção do Orum”, de Paulo Sena (Espírito Santo), mostra uma mãe que cria memórias fictícias de sua filha Jéssica, imaginando seu papel na construção do Òrun-Àiyé. “Surdir”, de Gabriela Grigolon e Jonatas Medeiros (Paraná), aborda o cotidiano de pessoas surdas e suas identidades, em uma peça experimental que retrata as dificuldades de viver em uma sociedade majoritariamente ouvinte.
A obra “Quando Foi Que Acordei?”, de Mariana Corrêa (Rio Grande do Sul), se passa em um futuro próximo e segue Clarice, uma jovem editora de imagens que descobre ter compartilhado o mesmo sonho com Maria, uma fotógrafa temporariamente na cidade. Enquanto as duas se aproximam, exploram a linha entre sonho e realidade. Já no documentário “O Punk Goiano: Vozes Trans”, de Lucca Brasil (Goiás), a diretora investiga se o movimento punk é, de fato, tão inclusivo quanto alega, questionando as barreiras à diversidade.
Longas
Na categoria longas-metragens nacionais da Mostra Competitiva destacam-se produções que exploram a pluralidade de vivências LGBTQIAPN+ no Brasil. “Diameyka Odara em Estado de Beleza”, de Rafaella A. Whitaker, nos leva à trajetória da multiartista Diameyka, uma travesti preta e gorda de Campinas (SP), e sua relação com a cultura ballroom como espaço de pertencimento e resistência. “Salão de Baile – This is Ballroom”, dirigido por Juru e Vitã, foca na cultura ballroom vivida por uma comunidade LGBTQIAPN+ nas margens da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. “Toda Noite Estarei Lá”, de Suellen Vasconcelos e Tati Franklin, acompanha a luta de Mel, uma cabeleireira transexual, pelo direito à liberdade religiosa, sendo impedida de frequentar o culto de sua preferência em Vitória (ES).
“O Silêncio da Singularidade”, de Julio Alves, conta a história de Thiago, um jovem cristão que se confronta com sentimentos inesperados por seu melhor amigo, enquanto busca autoconhecimento em Campina Grande (PB). Em “Casebre”, de Henrique Raynal, Benedito, morador de uma cidade do interior, enfrenta a perda de um familiar e redescobre sua ancestralidade e identidade. Já em “Entre Vênus e Marte”, de Cris Ventura, Ed Marte ressurge em Belo Horizonte (MG) após séculos de hibernação, em uma missão para combater a normatividade binária e buscar aliados na luta pela diversidade.
Curadores
A curadoria desta edição reflete a pluralidade de olhares e a representatividade da comunidade LGBTQIAPN+. A seleção ficou a cargo de renomados profissionais comprometidos com a diversidade no cinema, reforçando o papel do festival como um espaço de resistência e visibilidade para as produções LGBTQIAPN+. A seleção de curtas-metragens brasileiros foi conduzida por Bruna Braga, Zara Dobura, Flores Astrais e Keity Carvalho, que trouxeram um enfoque nas narrativas potentes e diversas. Já a curadoria dos longas nacionais esteve a cargo de Luck Yemonja Banke, Cleo Rosa, Sladká Meduza e Leona Jhovs, que ressaltaram produções com temas ligados à identidade, ancestralidade e resistência. E a escolha dos curtas internacionais foi realizada por Ramayana Lira, Isadora Ravena, Renna Costa e Priscila Siqueira, garantindo uma visão global e inclusiva para o festival.
A 6º TRANSFORMA segue como espaço de celebração da arte cinematográfica, promovendo debates e reflexões importantes sobre diversidade e inclusão. A lista completa dos filmes selecionados pode ser conferida no site oficial do festival: festivaltransforma.com.br.
Um festival para celebrar a pluralidade
Produzida pela BAPHO Cultural de Florianópolis e pela Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade (ADEH), a Transforma é o único festival de cinema LGBTQIAPN+ do sul do país em atividade e um dos poucos a exibir filmes que abordam com profundidade temáticas relacionadas às discussões sobre diversidade sexual, gênero e cultura queer. Desde a sua edição inaugural, realizada em 2018, foram inscritos mais de 400 produções originárias de todas as regiões do Brasil, além de aproximadamente 700 internacionais de países como Irã, Argentina, Espanha, Portugal, EUA e outros.
Apoio
A 6ª Transforma é um projeto financiado pelo edital Prêmio Catarinense de Cinema (edição 2023), do Governo do Estado de Santa Catarina, via Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura e Governo Federal. O evento conta também com o apoio institucional do Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina – CEART/UDESC.
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