A FIESC (Federação das Indústrias de Santa Catarina) promoveu na última semana em Blumenau um evento para debater temas e ações relacionadas à Responsabilidade Social, voltado a empresas, pessoas com deficiência, instituições e comunidade em geral. A ação contou com dois painéis de discussão que abordaram ações de empresas, agenda ESG e inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
O primeiro painel teve como tema “Incentivos fiscais para projetos sociais na agenda ESG”. Com representantes da FIESC, da Receita Federal e de empresas, o painel demonstrou de que maneira as organizações podem ajudar projetos sociais locais, estaduais e até mesmo nacionais, revertendo tributos diretamente para essas iniciativas. Sandro Volpato, gerente de Responsabilidade Social da FIESC apresentou a ação Fundo Social, uma iniciativa de articulação que tem como objetivo promover a cultura do uso dos incentivos fiscais em Santa Catarina. Em sua apresentação, Volpato explicou como funciona a orientação via Fundo Social para que as empresas possam aportar recursos em projetos sociais no estado.
Na sequência, a gestora de ESG da empresa indaialense Texneo, Francis Axt, relatou a experiência da organização com a destinação de recursos para projetos sociais por meio de Leis de Incentivo Fiscal. Segundo Francis, nos últimos dois anos a empresa já aportou cerca de R$ 900 mil em 20 projetos realizados no Vale do Itajaí. A executiva destacou ainda o efeito deste tipo de ação nos colaboradores.
“(Fazer as doações) Nos deixa felizes porque a gente vê que o recurso vem para os projetos da nossa região e é muito bacana ver os benefícios que isso traz não só para a empresa, mas para todo o ecossistema, e o colaborador entende que ele é parte disso também. Nós percebemos isso, inclusive, em campanhas que são feitas internamente, que quando envolvem uma causa ou um projeto social, a participação é muito maior”, pontuou.
O analista tributário da Receita Federal em Blumenau Kélcio César Goedert também participou do painel para explicar como o Imposto de Renda (IR) pode ser destinado diretamente a projetos sociais. Segundo Goedert, a principal forma de destinação dos tributos são as Leis de Incentivo Fiscal, pois permitem que os recursos do IR sejam destinados aos Fundos Especiais vinculados ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ao Estatuto do Idoso, além de programas e projetos sociais de incentivo à cultura, ao esporte, à produção audiovisual e até mesmo à reciclagem.
Simone Nunes, especialista em Investimento Social e Leis de Incentivo Fiscal e diretora geral na Sauí Responsabilidade Social, fechou o primeiro painel falando da conexão entre a Responsabilidade Social e a agenda ESG, uma das principais preocupações das empresas na atualidade. Ela apresentou a evolução do conceito de Responsabilidade Social desde meados da década de 1970 até a concepção do ESG atualmente. A especialista ressaltou ainda a importância da preocupação das empresas com as questões sociais e como isso está conectado ao desenvolvimento e até à sobrevivência das organizações a médio e longo prazo. “ESG também é sobre lucro, mas é mais do que lucro, é sobre como a gente enxerga a nós mesmos, os seres humanos, e o nosso planeta pro futuro”, finalizou.
Inclusão no mercado de trabalho e anti-capacitismo
O segundo painel do dia tratou sobre a “Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho”. A abertura foi feita pela líder do Programa Inclusão, da FIESC, Sheila Kurtz, que apresentou o Portal de Inclusão FIESC, que reúne oportunidades de trabalho, cursos e outros serviços para auxiliar na inclusão de pessoas com deficiência nas empresas, como um banco de candidatos.
Na sequência, a profissional de Diversidade e Inclusão, CEO do Grupo Talento Incluir e autora do livro “Manual Anti-Capacitista” Carolina Ignarra, falou sobre os desafios de promover uma inclusão efetiva das pessoas com deficiência no mercado de trabalho brasileiro. Cadeirante há 22 anos, ela avalia que o cenário já evoluiu, mas ainda é preciso fazer mais. Um dos pontos destacados por Carolina foi a necessidade de as empresas pensarem em planos de carreira para as pessoas com deficiência, para que elas de fato possam evoluir nas profissões que escolheram.
“A contratação é uma parte da inclusão. Vejo o movimento das empresas indo atrás dos números, mas não continuando o processo da inclusão e da diversidade. Diversidade é contada – você faz o censo das empresas e contabiliza. Inclusão é quando as pessoas contam, as pessoas importam. Essa frase é da líder da diversidade do Pinterest, Nicole Marshall, mas diz muito sobre isso: enquanto as empresas se preocuparem só em contratar e deixar as pessoas nos cantinhos, estacionadas, ainda estamos patinando’, avalia, destacando que um levantamento feito pela NOZ Inteligência que apontou que 72% da população com deficiência que está empregada nunca foi promovida ou recebeu aumento de salário.
O evento “Responsabilidade Social – Conversas sobre inclusão no mercado de trabalho e incentivos fiscais para projetos sociais” foi realizado pela FIESC e contou com a parceira da Sauí Responsabilidade Social, da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), da Fundação Hermann Hering, do Sistema Ailos e da Orplan.
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