A dieta que te adoece

Compartilhe esta notícia:

É um paradoxo moderno: pessoas buscando saúde e colhendo exaustão, queda hormonal, perda muscular e sintomas silenciosos de um corpo à beira do colapso. Em nome do corpo “fit”, muitos estão adoecendo por dentro sem perceber. E a raiz desse desequilíbrio está, muitas vezes, na própria dieta.

O mito da restrição

O médico nutrólogo Dr. Ronan Araujo explica com clareza: “Dietas extremamente restritivas, populares nas redes sociais e muitas vezes seguidas sem acompanhamento médico, podem parecer eficazes no curto prazo. Mas o que acontece no seu organismo quando você reduz demais as calorias, corta grupos inteiros de alimentos ou abusa de jejum e termogênicos? Seu corpo ativa um mecanismo de sobrevivência. E ele não é silencioso.”

O metabolismo desacelera. Os níveis de cortisol (hormônio do estresse) disparam. A produção hormonal começa a falhar, especialmente os hormônios sexuais, que são fundamentais para energia, disposição, sono, desejo, concentração e até ganho de massa magra. O ciclo hormonal feminino desregula. A testosterona despenca. O T3 (hormônio da tireoide) reduz. E o resultado? Um corpo cansado, estagnado e inflamado mesmo com alimentação “limpa”. 

Desnutrição silenciosa: o que ninguém está vendo

Você pode comer pouco, e ainda assim estar desnutrido. A chamada desnutrição funcional acontece quando há carência de micronutrientes essenciais para o funcionamento do corpo, mesmo com o peso ideal na balança. Magnésio, zinco, vitaminas do complexo B, vitamina D, colina e ferro são os mais prejudicados. 

Em nome do corpo “fit”, muitos estão adoecendo por dentro sem perceber. E a raiz desse desequilíbrio está, muitas vezes, na própria dieta. Divulgação

Essa falta de substrato para o corpo funcionar gera o que chamamos de burnout metabólico: uma exaustão interna onde os sistemas começam a falhar, desde o sistema imune até o eixo hormonal.

E não é raro que, nesses casos, o paciente volte a ganhar peso, mesmo comendo menos. O corpo entra em modo defesa, estoca gordura e passa a consumir massa magra como fonte de energia. É o oposto da saúde.

Termogênicos: Vilões ou solução?

O abuso de termogênicos, muitas vezes combinados sem prescrição, é outro agravante perigoso. Substâncias como cafeína em doses altíssimas, sinefrina e yohimbina podem parecer “milagrosas” no começo, mas causam sobrecarga nas glândulas adrenais, interferem no sono e estimulam um estado crônico de estresse fisiológico. Resultado? Ansiedade, insônia, fadiga, compulsões e, em muitos casos, disfunções hormonais sérias.

Corpo saudável não é corpo exausto

Emagrecimento não é castigo. Não é sobre restrição, punição ou viver no limite do colapso. É sobre reprogramar o corpo para funcionar melhor. E isso exige estratégia, personalização e ciência.

Quando o emagrecimento é feito da forma correta, com avaliação clínica, exames, ajuste hormonal e plano nutricional baseado em necessidades reais, o resultado é outro: energia, disposição, massa magra preservada e longevidade.

Pare de punir o corpo por querer resultados

O Dr. Ronan Araujo conclui: “A busca por um corpo saudável nunca deveria custar a saúde. A conta, mais cedo ou mais tarde, chega: e ela vem em forma de cansaço crônico, perda de libido, insônia, estagnação, queda de cabelo, intestino travado, ciclo menstrual desregulado e dificuldade extrema de manter os resultados. E o corpo responde. Sempre. Desde que você pare de lutar contra ele e comece, finalmente, a cuidar.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *