A arquitetura biofílica tem transformado a paisagem urbana mundial. Historicamente presente em projetos pelo mundo, o conceito ganhou mais força com a redefinição de valores e prioridades das pessoas no que tange o morar, assim como tem se tornado um elemento relevante na valorização imobiliária, o que tem impulsionado a construção civil a incorporar a biofilia em seus empreendimentos. O termo significa ‘amor às coisas vivas’, tem origem no grego antigo, e se baseia na ideia de que o contato próximo com a natureza gera mais felicidade e qualidade de vida. Esses espaços ainda contribuem diretamente para a redução da poluição, o aumento do conforto ambiental e a biodiversidade.
O design biofílico pode estar presente em monumentos, fachadas de edifícios, casas e empresas, assim como em projetos de interiores residenciais e comerciais. Mas o conceito na arquiteturanão se limita apenas à inclusão de plantas nos ambientes, ele oferece um amplo leque de possibilidades, desde o uso de elementos naturais, como madeira e pedras, até mesmo texturas e cores em tons terrosos, ou ainda a utilização de recursos que potencializem a iluminação natural e a ventilação cruzada, por exemplo. Tudo isso com o objetivo de proporcionar mais conforto, relaxamento e, consequentemente, bem-estar às pessoas.
Tendência global
Para o especialista Guilherme Takeda, a biofilia nos projetos arquitetônicos é não apenas uma tendência estética, mas uma necessidade de criar espaços mais saudáveis e integrados com o meio ambiente. “Sem dúvida, é uma das tendências globais mais fortes nos empreendimentos contemporâneos. A consolidação do conceito biofílico vem ao encontro de uma demanda crescente por reconexão com a natureza, algo que se tornou indispensável em meio ao ritmo acelerado e urbanizado da vida moderna. Incorporar a natureza aos empreendimentos não só melhora a qualidade de vida dos moradores, proporcionando bem-estar físico e emocional, mas também promove um desenvolvimento sustentável”, diz o paisagista.
Em recente projeto criado por Takeda em Goiânia, no empreendimento residencial Envolt Biophilic Home, da Dinâmica Incorporadora, a biofilia norteia todo o projeto e está presente não apenas na fachada, como em todos os ambientes das áreas comuns, formando um paisagismo em 360 graus. “Pensamos em como os moradores se sentiriam ‘abraçados’ pelo verde ao se moverem pelos espaços. Um exemplo claro disso é o uso de caminhos com pisantes integrados às plantas, que permite às pessoas caminharem imersas à natureza. Essa escolha foi feita para oferecer uma experiência sensorial, em que o contato com a vegetação se torna parte integral do cotidiano. Do mesmo modo, elementos como lagos artificiais, que mimetizam a natureza, têm um papel essencial ao criar uma conexão mais profunda entre o ambiente construído e o natural”, detalha.
Outro projeto paisagístico assinado por Takeda é do Atoll Residências, alto padrão fruto da parceria entre a Sousa Andrade Construtora, Humanae Incorporadora e GMP Incorporação. O empreendimento é inspirado na Polinésia Francesa, e tem o design biofílico como seu principal diferencial, com foco na piscina Laguna, a primeira do seu tipo em Goiânia. “Neste projeto busquei inspiração nos atóis e olhas paradisíacas da Polinésia Francesa para criar uma atmosfera de simulando uma praia natural. É integrada por uma piscina adulto, uma infantil e um lago com peixinhos coloridos que certamente vão levar os moradores a lembranças gostosas de infância”, explica o paisagista.
Valorização
Goiânia é conhecida como a capital verde do Brasil e reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Cidade Arborizada do Mundo, com mais de 1 milhão de árvores em seus 32 bosques e parques, assim como também é destaque por seu mercado imobiliário pujante e valorizado.
A Consciente Construtora e Incorporadora foi uma das pioneiras nesta tendência, quando lançou o empreendimento Botanic Consciente, entregue em 2015, que conta com um bosque próprio, e que teve valorização maior que 100% desde seu lançamento. Além dele, outros empreendimentos da incorporadora que também exemplificam essa filosofia são o Casa Brasileira, projeto com quintais elevados e que integra plantas à sua fachada e possui a primeira praça interna com lago de Goiânia, e o World Trade Center (WTC Goiânia), que também oferece mais de 2.500 m² de área verde. Já o Reserva 27 Consciente conta com mais de 800 m² de paisagismo, envolvendo 100% do projeto em um terreno de mais de 3.000 m².
“O design biofílico eleva a experiência do cliente, oferecendo um ambiente que favorece o bem-estar. O nosso público-alvo que busca este perfil de empreendimento é composto por pessoas que querem não apenas um lar, mas um estilo de vida que prioriza a qualidade das experiências e o contato com a natureza. Pessoas de diversas áreas que reconhecem o valor de um ambiente que possui essa integração com o espaço natural”, afirma a diretora de empreendimentos da Consciente, Camila Inácio.
Gentileza urbana
O design biofílico está presente em todos os recentes lançamentos da CMO Construtora, por meio do forte investimento em paisagismo nobre e da tradição da empresa de estender a presença do verde em seus empreendimentos através de iniciativas de gentileza urbana. São ações pensadas para as pessoas e desenvolvidas para melhorar o ambiente urbano, beneficiando a convivência entre a comunidade local e a população de maneira geral. “Um bom exemplo é o Residencial Varandas Flamboyant, nosso último lançamento na região do Parque Flamboyant, no qual mesclamos o paisagismo exuberante que se apresenta desde a fachada à presença de árvores frutíferas nas áreas comuns para uso coletivo. Além disso, desenvolvemos uma praça próxima para ser um novo ponto de convivência, serviços e lazer, reforçando a importância da conexão entre natureza e urbanidade. No início do ano, já havíamos revitalizado toda uma alameda, no Parque Amazônia, para criar um diálogo entre o ambiente externo e o nosso Residencial Floramazônia, cuja concepção também partia do paisagismo”, comenta Marcelo Moreira, diretor comercial da CMO. Para ele, a atenção com o meio ambiente é um assunto emergencial e a biofilia uma tendência de mercado que só tende a crescer. “E, nesse sentido, os empreendimentos associados a iniciativas de gentileza urbana se tornam imprescindíveis”, acrescenta.
A Opus Incorporadora também investiu em gentileza urbana no projeto do master plan Reserva Ybiti, duas quadras inteiras com torres residenciais de alto padrão, todas ao lado do Parque da Serrinha, totalmente ancorado no paisagismo biofílico. Totalizando 7 torres, todos os empreendimentos da Reserva Ybiti tiveram os seus projetos com recuo frontal de 5,40m integrados à calçada, formando um cinturão verde de convivência e lazer. Entre as torres, em total integração com a natureza do Parque da Serrinha, o parque linear Jaime Câmara, na Rua Samuel Morse, também oferecerá pista de caminhada, área fitness ao ar livre com estações de musculação e alongamento, espaços infantis com playground e brinquedos lúdicos, pet place e praças com wi-fi livre e mobiliário urbano de longa duração. “A biofilia está presente em vários aspectos do projeto, no paisagismo em abundancia, nos estímulos sensoriais, no incentivo à descompressão e ao relaxamento que o parque linear oferecerá aos visitantes e a toda a vizinhança”, detalha Laura Mecchi responsável pelo desenvolvimento de produtos da Opus
Novas tecnologias
Guilherme Takeda considera a presença da biofilia um caminho sem volta na arquitetura atual. “À medida que integramos inovações tecnológicas, será possível criar soluções ainda mais imersivas, que tragam a sensação da natureza para dentro das construções de maneira mais eficiente e realista”. No Envolt Biophilic Home, ele destaca a adoção de tecnologias avançadas no desenvolvimento do projeto paisagístico, como o plantio em BIM (Building Information Modeling), abordagem que permite gerar quantitativos mais precisos, além de visualizar o paisagismo em 3D, proporcionando uma excelente percepção de volumetria. “Uma das vantagens desse método é a compatibilização das raízes das plantas com as infraestruturas enterradas do condomínio. A visualização em 3D nos permite ajustar e planejar melhor o projeto para evitar interferências, garantindo maior eficiência e precisão. Então, acreditamos que a prática do design biofílico continuará forte em 2025, com uma evolução significativa nos projetos, especialmente com o apoio de tecnologias cada vez mais avançadas”, finaliza.
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