Cães labradores que fazem parte de um projeto muito especial têm visitado o Itajaí Shopping como parte do treinamento para serem os olhos de pessoas com deficiência visual. As visitas são realizadas por treinadores e famílias socializadoras cadastradas na Escola de Cães-Guias Helen Keller, de Balneário Camboriú.
Desde o final do ano passado, estes cães em treinamento passeiam pelo shopping, vão ao cinema, acompanham seus tutores na praça de alimentação e arrancam sorrisos de quem os encontra pelo mall. O empreendimento disponibilizou também ingressos do Arcoplex Cinemas à escola de cães-guias para que a entidade pudesse aprimorar ainda mais a socialização dos animais.
Desde 2008, quando foi fundada, a Escola de Cães-Guias Helen Keller já treinou aproximadamente 70 cães. A instituição conta com a ajuda de voluntários socializadores, que levam o cão-guia em muitos lugares para que ele se acostume em diferentes ambientes – inclusive empresas, hospitais, ônibus e aviões. Após 15 meses de socialização, o cão volta para a Helen Keller, onde é treinado por mais seis meses pela equipe da escola e então passa por uma avaliação de 20 a 30 dias com quem irá recebê-lo.
Ana Cristine Doerlitz, treinadora e instrutora de mobilidade com cães-guias, trouxe Jeep, de 2 anos, para uma sessão de cinema no Itajaí Shopping. “Ele ficou bem tranquilo, entrou na sala e logo relaxou. O som alto causou um pouco de interesse na tela, mas logo voltou a dormir”, conta.
No mesmo dia, Jeep também acompanhou Ana Cristine em um lanche na praça de alimentação do shopping. “Ele deitou aos meus pés e dormiu. Claro que as pessoas olham, ficam curiosas, perguntam por que ele pode estar ali e outro pet não. Sempre explicamos que esta é uma condição garantida por lei federal aos cães-guias”, conta.
A importância de treinar em lugares públicos
Antes de formado, um cão-guia deve ser exposto às mais diversas situações que possam acontecer no dia a dia da pessoa que possui deficiência visual, seja ir ao cinema, ao mercado, ao trabalho, ou utilizar diferentes meios de transporte. “Tudo isso para esse cão se habituar, relaxar e poder desempenhar o melhor trabalho no futuro”, explica a instrutora.
Antes de treinar o Jeep, Ane socializou por 1 ano e 6 meses um cão de outra instituição, a Hanna, que acabou virando cão matriz. “Durante esse tempo viajei, fui a eventos, a levei para todos os locais que uma pessoa cega pode frequentar com o cão. Com ela fui ao cinema, ao teatro, andei de avião e ônibus. É fundamental expor os cães a diferentes situações e ambientes”, cita.
A gerente de marketing do Itajaí Shopping, Renata Galdino, explica que prontamente atendeu ao pedido da escola Helen Keller para que socializadores pudessem levar os cães ao cinema. “Um projeto como esse é inspirador e fazemos questão de ser um ambiente facilitador para os treinamentos”, finaliza.
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