Empresa reverte no STF autuação de R$ 25 milhões aplicada pela Receita Federal

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Uma empresa do setor financeiro conseguiu reverter no Supremo Tribunal Federal uma autuação aplicada pela Receita Federal no valor de R$ 25 milhões em uma ação que tratava de casos conhecidos popularmente como “pejotização”. 

A decisão que invalidou a autuação ocorreu em um procedimento de Reclamação Constitucional julgado no final de fevereiro deste ano e considerou o entendimento do STF em um procedimento semelhante, no qual a TV Globo revogou uma autuação de R$ 150 milhões. Ambas decisões são consideradas pioneiras no Judiciário brasileiro, uma vez que não há precedente anterior para este tipo de caso. 

Decisão é considerada pioneira no Judiciário brasileiro e segue precedente que já revogou decisão contra a TV Globo. Divulgação

De acordo com os advogados Renato Vieira de Ávila e Alex Ávila, do escritório catarinense Vieira de Ávila Advocacia e que representam a empresa, ela tem como prática a contratação de prestadores de serviço por meio de Pessoa Jurídica, e não como Pessoa Física celetista – via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Em meados de 2015, essa prática foi questionada pela Receita Federal após uma fiscalização. O órgão considerou que a atuação dos prestadores de serviço deveria ser enquadrada como celetista e aplicou penalidade à empresa, que recorreu a diversas instâncias judiciais questionando o auto de infração. 

Precedentes

O recurso ao STF foi apresentado após o Tribunal decidir ação semelhante no final do ano passado. Em dezembro de 2023, uma decisão em um caso idêntico envolvendo a TV Globo e o questionamento quanto aos procedimentos de contratação de profissionais de diversas áreas pelo conglomerado de mídia. A ação chegou ao colegiado de ministros, que acompanhou o parecer do relator, ministro Cristiano Zanin. 

“Quando essa ação chega lá em Brasília, o STF analisa e responde que ‘a organização dos agentes econômicos no Brasil é livre’. Então, isso significa que os agentes podem se organizar pela CLT ou por meio de PJ. O STF vem desde 2018 formando esse precedente,  de que a ‘pejotização’ é válida no Brasil, mas mesmo o STF tendo decidido que é válido, a Receita Federal não aplica esse entendimento e autua empresas”, explica o advogado Renato Vieira de Ávila. 

A decisão favorável à TV Globo abriu um novo precedente para casos desta área e, por isso, os advogados apresentaram um novo procedimento ao Tribunal. “Entramos com a Reclamação Constitucional no STF em dezembro de 2023 e no dia 26 de fevereiro de 2024 saiu a decisão cancelando a dívida tributária da nossa cliente. Ainda cabe recurso de ambas as partes, mas estamos confiantes pois o entendimento da maioria dos ministros já é conhecido e sabemos que, em tese, não passaria [a tese da Receita Federal]”, finaliza Ávila. 

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