Em 2024, as relações comerciais entre o Brasil e a China completam 50 anos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os laços foram mais estreitados nas duas últimas décadas, tornando o país oriental o maior parceiro de negociações brasileiras desde 2009. Um período que permeou grandes transformações mercadológicas pelo mundo – e que foram acompanhadas de perto por alguém que, em 1974, mal sabia o que era comércio exterior.
Era agosto daquele ano e o então jovem Oscar Pereira foi chamado para trabalhar no setor de expedição de uma das maiores empresas têxteis de Blumenau (SC), sem nem imaginar o que viria pela frente. “O departamento tinha acabado de ser implantado, não tinha ninguém para me ensinar. Só dependia da minha boa vontade e fui atrás: buscando informações onde conseguia; no Banco do Brasil, por exemplo, tinha a Carteira de Comércio Exterior, a extinta CACEX, uma agência do governo federal voltada para transações internacionais; participei de vários cursos e o aprendizado foi crescendo”, recorda Oscar, que anos mais tarde fundou a própria empresa de comércio exterior, posteriormente chamada de Father & Company Brasil – e hoje uma das marcas mais respeitadas do segmento.
Cinco décadas depois, Oscar ainda lembra dos processos manuais que eram necessários na parte de documentação para liberar ou receber mercadorias: “As GEs, guia de exportação, eram oito vias carbonadas, datilografadas, e não podia ter rasura. Só na década de 1990 veio a Siscomex, um sistema informatizado, que marcou o início de mudanças muito rápidas em se tratando de tecnologia, mas que enfrentou muita resistência de alguns órgãos à época, principalmente por falta de treinamento”. E foi também nesse período do fim do século que o empresário destaca a globalização como propulsora do crescimento da concorrência com os chamados Tigres Asiáticos e a saúde financeira de muitas empresas ficando cada vez mais debilitada.
“No início, no ramo de vestuários, que era onde eu atuava, não tínhamos muita concorrência. EUA e Europa eram nossos maiores mercados, incluindo também América Latina, pela proximidade dos países e que não necessitava muita modificação nos produtos. Com a globalização, tudo mudou, a concorrência ficou mais acirrada e o mercado asiático tornou-se muito forte não só no segmento têxtil, mas em todos os produtos manufaturados em geral. Foi preciso reconstruir a dinâmica de atuação no mercado para chegarmos à relação comercial que o Brasil tem hoje com a China”, esclarece.
Negócio próprio
Em 1999, o departamento de exportação da empresa têxtil em que Oscar atuava – que em tempos áureos tinha registrado 38 funcionários – contava com apenas dois colaboradores, incluindo ele. Foi quando decidiu sair e, com sua experiência e expertise, empreender na área. Em sociedade com um amigo, fundou uma empresa voltada para comércio exterior, que durou 15 anos. Com a dissolução amigável do negócio, em 2014, – e uma corporação já estruturada com cerca de 30 funcionários – Oscar assumiu a empresa, dessa vez com o apoio da esposa e das filhas, e sob o nome de “Father”, carinhosamente escolhido por elas para homenageá-lo.
Hoje a companhia possui uma metodologia própria de atendimento, com uma jornada exclusiva por todos os pilares que envolvem o comércio exterior, além de uma frente totalmente voltada para inovação e disseminação de conhecimento para firmar a mentalidade empreendedora global em negócios de quaisquer segmentos e portes. Não à toa que a Father assina mais de 50 mil processos de importação e exportação, mais de 20 mil empresas impactadas no mundo inteiro e mais de US$ 2 bilhões movimentados, só para citar alguns números.
Entre os desafios tecnológicos – que, ressalta o executivo, vêm com muita positividade, tornam o mundo mais próximo e promovem uma maior competitividade -, a busca por profissionais e empresas capacitadas é uma das maiores necessidades para se manter no mercado, seja nacional ou internacional.
Olhando para trás, algo que Oscar se orgulha e que se tornou sua marca registrada é a humildade. “Ao longo desses 50 anos, sempre aproveitei todas as oportunidades que minha carreira me propôs. E uma coisa que sempre tive foi o tratamento com os clientes, isso fez toda a diferença. Não escolhia o cliente, atendia bem tanto o grande como o pequeno e muitos deles se tornaram grandes clientes e amigos”, conta.
Atualmente, a Father & Company Brasil é conduzida por Sheyla, uma das filhas do fundador, e pelo sócio Thiago Raitez – mas Oscar continua com voz ativa e é quem dá a última cartada nas operações da empresa. “Tenho o sentimento de missão cumprida, mas não terminada. Jamais penso em parar, mesmo sabendo que o negócio tem sido muito bem conduzido pelos atuais gestores. Nossa empresa não é familiar apenas pela sua composição. Todos os colaboradores são reconhecidos por mim, na figura de pai – aquele que protege, mas que exige respeito, disciplina e dedicação, principalmente com os clientes”, conclui.
Sobre a Father & Company Brasil
Com mais de 25 anos de experiência em comércio exterior, a Father Estratégias Internacionais é especializada em projetos de internacionalização de empresas, com serviços como consultoria, planejamento estratégico internacional, expansão para o mercado externo, além de operações efetivas como exportação e importação, com metodologia própria e patenteada. Com escritórios próprios no Brasil e nos EUA, tem parceiros no Paraguai, Bolívia, Itália, Japão e Equador. Atua em mais de 30 países e é responsável por mais de 40 mil processos de negócios globais, além de ter participação na abertura de mais de 50 franquias internacionais.
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