O questionador pântano hightech de Jeferson Branco

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 Nada é quadrado no espaço que o arquiteto Jeferson Branco assina para a CASACOR Balneário Camboriú (SC) 2023. Nem na forma, nem na personalidade. O [t3chno.DELTA], projeto do bar do espaço de convívio da mostra que acontece de 8 de junho a 23 de julho no litoral catarinense e traz como tema Corpo e Morada, é um lugar para ser contemplado e questionado, já que na arquitetura de Jeferson perguntar faz parte da decoração.

Jeferson Branco chega à sua terceira CASACOR aos 29 anos. Foto: Everson Martins

O ambiente manifesto inspirado num pântano traz verde, literalmente, do chão ao teto, abrigando as formas mais primitivas da natureza, o que é orgânico. E tudo isso, para alertar sobre o uso excessivo de tecnologia levando à tona se estamos mais na nuvem que conectados às raízes.

 Depois de encantar com seu estúdio manifesto cheio de borogodó e brasilidades na CASACOR Florianópolis 2021 esbanjando originalidade e brasilidade, Jeferson, que aos 29 anos participa da sua terceira mostra, desta vez tem a ascensão da inteligência artificial como inspiração para o tema central do espaço que pergunta: Para onde vamos? Segundo Jeferson, “o projeto é uma lembrança de que o pântano também é um lugar de inovação e descoberta, e traz blend bem-humorado entre a biofilia e o high-tech, a dualidade entre ancestralidade e futurismo, levantando questionamentos sobre de onde viemos e para onde vamos”. E para tanto, os 100m² que ele transformou num vasto delta arquitetônico tem madeira, pedra, ferro e peças singulares que compõem o ambiente, no mínimo, provocativo.

Entre os elementos que compõem o projeto [t3cno.DELTA] estão um sistema de automação de cabeamento desenvolvido por alunos da PUC de São Paulo, luminária italiana desenhada em 1964 por Bruno Munari, banquetas contemporâneas de Leonardo Zanatta, designer Forbes Under 30, um sofá de Victor Vasconcelos, mesas de apoio Pangea em madeira roxinha assinadas pelo próprio Jeferson, que também assina o tapete da coleção Protozoa.

Tudo isso, enquanto o uso de Speranza, um quartzo exótico extraído no Brasil remete ao natural, e o aço escovado aplicado em algumas áreas do projeto traz a relação com o futurismo e a tecnologia. E com esta composição visual meio Jetsons e meio Flintstones, fica claro que o pântano é um cenário fértil onde a vida nasce, evolui e adapta-se. Não necessariamente nesta ordem.

 Seguindo o passeio pelos detalhes do [t3chno.DELTA], nas paredes as imagens botânicas de Walmor Corrêa dividem espaço com espelho orgânico de Rodrigo Ohtake enquanto do teto caem plantas naturais do paisagismo de Laura Rotter. E é possível citar dualidade entre passado e presente por cada canto do espaço.

Segundo a sócia e irmã de Jeferson Branco, Letícia Branco, “o ambiente deve promover um momento de reflexão para quem visitar a CASACOR e esperamos que, mais que apenas apreciar, o visitante busque entender a mensagem que tentamos passar alinhando formas, conceitos, materiais e profissionais do passado, presente e futuro”.

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