Os setores da cadeia da moda, tradicionalmente grandes empregadores da indústria catarinense, precisam se preparar para fazer frente a desafios como a transformação digital e a economia circular. Nesse sentido, é essencial que as micro, pequenas e médias empresas – que compõem 97% do número de negócios no segmento – tenham acesso a inovação. Esse foi o tom do TexDay: Workshop de Inovação promovido pela Câmara de Desenvolvimento da Indústria Têxtil, Confecção, Couro e Calçados da Federação das Indústrias de SC (FIESC) nesta quinta-feira (11) em Blumenau.
O presidente da câmara, Giuliano Donini, destacou a importância da inovação para as empresas. “Sabemos que é importante, mas a inovação pode ser muito difícil para as pequenas empresas. Muitas delas estão concentradas no dia a dia do negócio, e deixam de olhar para isso com atenção necessária. A ideia do evento é propiciar essa reflexão, mas também apresentar mecanismos e ferramentas para fomentar a inovação em empresas de todos os portes”, afirmou.
Para o vice-presidente da FIESC para o Vale do Itajaí, Ulrich Kuhn, as empresas precisam apostar na união do setor, para que toda a comunidade possa evoluir. “O nosso desafio é fazer com que esses 97% de pequenas e micro empresas do setor tenham tempo de pensar, de entender o desafio que têm pela frente”, comentou.
O desenvolvimento de projetos de pesquisa de forma isolada pode inviabilizar a inovação nos negócios de menor porte, já que o investimento em iniciativas do tipo são muitas vezes vistos como arriscados. Como uma alternativa para permitir que novas tecnologias cheguem às micro e pequenas de forma acessível, o SENAI de Tecnologia Têxtil, Vestuário e Design apresentou projetos já em andamento e que podem ser executados de forma consorciada por um grupo de empresas.
Projetos de inovação
Entre os seis projetos apresentados pelo Instituto esteve a produção de biofloculantes a partir de resíduos da indústria têxtil. A ideia é transformar o lodo seco, um resíduo sólido industrial cujo descarte é um problema para muitas empresas, em um produto capaz de separar o corante do material, transformando o resíduo em biofloculante – que será utilizado novamente para tratar os efluentes da empresa. A pesquisa já foi aplicada em ambiente industrial em escala piloto e mostrou resultados bastante animadores, de acordo com o professor Antônio Augusto Ulson Souza.
Outro projeto apresentado foi o de “Funcionalização de tecidos de decoração com nano fotocatalisadores para purificação do ar”. Aqui, o objetivo é aplicar elementos químicos específicos a tecidos de decoração para que, quando em contato com algum material contaminante, reaja e transforme esse material em gás carbônico e água, proporcionando assim a purificação do ambiente.
Fomento
Fator crítico para o investimento em inovação, as fontes de recursos também foram apresentadas no evento. Savana Rigon, especialista da área de captação de recursos do SENAI/SC explicou as diferentes formas disponíveis para angariar recursos para projetos de inovação com apoio do SENAI, como a Plataforma Inovação para a Indústria e iniciativas como a Aliança Industrial, que estimula o desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores propostos por um grupo de empresas, que vão compartilhar os riscos financeiro e tecnológico.
O evento ainda contou com a participação do Gerente Regional do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), Nivaldo Presalino, que apresentou as linhas específicas para inovação na indústria têxtil, confecção, couro e calçados dentro do programa Inovacred: Expresso; 4.0; e Conecta. O Banco conta com condições diferenciadas para o acesso a financiamentos, como tramitação prioritária e maior flexibilidade quanto às garantias reais exigidas, e de acesso por micro, pequenas e médias empresas, como fluxo operacional simplificado.
Prática
Para estimular a formação de parcerias e o desenvolvimento conjunto de projetos, os consultores do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil, Vestuário e Design ouviram as demandas das empresas e identificaram as necessidades afins. As empresas se reuniram em grupos a partir dessa afinidade para desenvolver parcerias em projetos de inovação e elaboraram um resumo da ideia, que servirá de base para o andamento formal do projeto em conjunto com o Instituto.
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