Pirataria nos Portos Brasileiros: um desafio local

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Em meio às movimentadas atividades nos portos aquáticos, terrestres e aéreos brasileiros, especialmente em Santa Catarina, um desafio crescente se destaca: a pirataria e suas ramificações na esfera da propriedade intelectual. No cenário atual, a Comissão de Direito da Moda e Propriedade Intelectual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Balneário Camboriú reuniu especialistas para discutir e abordar as complexidades desse problema em um evento impactante no início do mês.

Dados da Receita Federal destacaram a magnitude do problema da pirataria nos portos brasileiros, especialmente na área da indústria da moda. Em 2022, a pirataria que envolve, resumidamente, sonegação de impostos e falsificação de produtos, e que alimenta facções criminosas, atingiu 410 bilhões de perdas no Brasil.

Na moda, em 2023, aproximadamente 100 mil peças de roupas falsificadas, avaliadas em R$ 10 milhões, foram apreendidas nos portos de Santa Catarina, com destino a países da América Latina e da Europa. Isso não inclui peças entrantes e é importante observar que parte das cargas não passa pela fiscalização rigorosa, por falta de contingente.

Comissão de Direito da Moda e Propriedade Intelectual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Balneário Camboriú reuniu especialistas para discutir e abordar as complexidades desse problema. Divulgação

Estes dados foram apresentados pelo Chefe do Gerenciamento de Risco da Receita Federal, Edwilson Pascoal da Mota, e pelo auditor fiscal da Receita Estadual da SEFAZ/SC e presidente fundador do CECOP (Conselho Estadual de Combate à Pirataria), Jair Antonio Schmitt, que destacaram a urgência de revisões na legislação aduaneira, e também a importância da conscientização. Essas entidades, entre outras, têm desempenhado um papel crucial na educação de crianças e empresários sobre questões relacionadas à Propriedade Intelectual, contribuindo para uma sociedade mais informada e resistente à pirataria.

Cabe ressaltar que a pirataria de produtos de moda impacta negativamente as empresas detentoras dos direitos de marca, patentes, desenhos industriais, direitos autorais e afins, causando prejuízos financeiros e estimulando a concorrência desleal, a falsificação, o contrabando, o descaminho, a contrafação o plágio e outros. Além disso, representa uma ameaça aos empregos e à segurança dos consumidores, que podem adquirir produtos de qualidade inferior ou com irregularidades sanitárias.

O advogado empresarial, mestrando em Propriedade Intelectual pela UFSC, presidente da Comissão de Direito da Moda e Propriedade Intelectual da OAB Balneário Camboriú e membro da Comissão de Propriedade Intelectual da OAB Nacional, Dr. Alan Coletto, explica que a pirataria representa, em suma, a reprodução não autorizada e a distribuição de produtos que violam a proteção pela Propriedade Intelectual, além das questões sobre a criminalidade e sonegação de impostos, envolvidas.

“A indústria da moda, por exemplo, enfrenta o desafio constante de reproduções não autorizadas, contrafeitas, falsas, de designs, marcas, peças, fachadas, etiquetas, patentes, softwares e afins. Resultando em perda de receitas, diluição de marcas e, em última instância, na desvalorização do trabalho criativo e industrial-empresarial”, fala Coletto.

No âmbito legal, a propriedade intelectual visa proteger a criação original, estimulando a inovação e recompensando os detentores desses direitos e protegendo o mercado regularizado e as empresas conformes.  Assim, a pirataria emerge como uma ameaça constante, desafiando os fundamentos desse sistema.

A relação entre pirataria e propriedade intelectual vai além das perdas econômicas. Ela afeta a dinâmica da inovação, desencorajando investimentos em pesquisa e desenvolvimento. A incerteza sobre a proteção efetiva dos direitos de propriedade intelectual pode desmotivar criadores, marcas e empresas a explorarem novas fronteiras.

Diante desse cenário, o evento destacou a complexidade do combate à pirataria nos portos, ressaltando a necessidade de cooperação entre órgãos públicos e privados. Entre as medidas sugeridas estão o aumento do controle aduaneiro, a melhoria da fiscalização das empresas de transporte e logística, e a capacitação de funcionários públicos para identificar produtos falsificados, além da mais aclamada, a necessidade de revisão da legislação obsoleta.

Ainda estiveram presentes o palestrante Fabrício da Silveira, Advogado aduaneiro e maritimista em SC e SP, e os convidados de honra, Débora Mascia Callegari, vice-presidente da comissão organizadora, doutora em Direito Internacional Privado pela Universidad de Barcelona; Bruno Eduardo Budal Lobo, Presidente da Comissão de Direito Aduaneiro da OAB/SC; Francyelle Bueno Tork Schlemper, representando a Comissão Estadual de Direito da Inovação, Propriedade Intelectual e Combate à Pirataria da OAB/SC; Márcia Andreia Correia Herbert, Presidente da Comissão de Direito Aduaneiro da OAB BC/SC; Raquel Segalla Reis, Presidente da Comissão de Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário da OAB Itajaí/SC; e Romulo Hendges, Secretário da Comissão de Direito da Moda e Propriedade Intelectual da OAB BC/SC.

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